terça-feira, 1 de outubro de 2013

APRENDER A DIZER NÃO

         Nessas longas noites, que passo acordada, o sono chega, porém, não durmo nem com medicamentos! Coloco então, alguma leitura em dia, para suportar o passar das horas. E, como é demorado esse decorrer das horas! Leio, enquanto aguardo que o cansaço se sobreponha à dor, e eu consiga dormir. 

APRENDER  A DIZER NÃO 

 Este texto é um breve resumo de um dos textos publicados na revista Psicanálise, cujo título é: APRENDER A DIZER NÃO.
O “não” é uma palavra pequenina, mas, tem uma conotação difícil de ser entendida, apreendida e aprendida ou até mesmo de ser pronunciada A dificuldade está relacionada à importância que damos à opinião dos outros, sobre o que pensam  de nós.
Os motivos que nos levam à dificuldade mencionada são  inúmeros. Vamos  considerar alguns :
·       palavra pequena, e , carrega uma carga emocional tão forte, que, muitas vezes nos impede de pronunciá-la.
·       tamanha dificuldade está relacionada à importância que damos a opinião alheia, porque “o não” implica muitas vezes, em desagradar o outro;
·       essa dificuldade está relacionada à preocupação que temos com nossa imagem pessoal, pois cremos que as pessoas que concordam com tudo, são mais queridas e amadas, e, que nunca dizem “não”;
·       ninguém gosta de ser taxado de egoísta, chato, “desmancha prazeres”, intransigente entre outros tantos adjetivos, aí, consideramos que o melhor caminho a ser adotado, é dizer “amém” a tudo e a todos;
·       criamos o hábito e a dificuldade do “não”, ainda na infância, quando pais e professores nos ensinam o que é certo ou errado;
·       na infância, nossa liberdade é muito limitada, pois, temos que seguir regras e normas, sem entendê-las;
·       quando crianças, aprendemos que devemos manter o quarto arrumado, os brinquedos no lugar certo, o material escolar impecável, mesmo contra nossa vontade,
-uma ação mecânica. Se não atendermos às recomendações que nos empurram “goela abaixo”, seremos rejeitados e menos amados, e, desejamos ser amados e aceitos, por isso obedecemos. E, aceitamos tudo o que nos é imposto; (não brigar com os irmãos, comer verduras, tirar boas notas ser sempre educado, etc., etc...);
·       ensinam-nos ainda, que, “Papai do Céu” não gosta de criança assim, o que nos leva a temê-lo e não somente a amá-lo;
·       a grande dificuldade que encontramos em negar alguma coisa alguém reside na culpa[1] que carregamos por toda a vida;
·       tememos ainda, que o outro seja agressivo, fique zangado ou até mesmo decepcionado conosco;
- essa visão negativa do “não” é imaginária, associada a alguma experiência do passado, o que nos leva a concluir, que, o caminho mais correto será dizer “sim” a tudo;
·       com o amadurecimento, alguns aprendem a dizer o “não”- e, a lidar melhor com essas experiências, aprendendo que podemos expor nossos pensamentos, recusando-nos a aceitar a tal culpa;
·       em nossas relações sociais, em casa ou no trabalho, quando dizemos “sim “a tudo”“, podemos nos sobrecarregar de afazeres;
·       a dificuldade de dizer “não”, em alguns momentos, pode nos levar a frustações por acabarmos fazendo algo que não queremos, ou sermos magoados por nos sentirmos explorados;
·       quando ficamos sobrecarregados de afazeres, geralmente na lista de pendências e obrigações com afazeres que não fariam parte delas (por não termos dito “não”), aumenta e, assim, deixamos de ser eficientes porque, não conseguimos fazer ou realizar o que planejávamos;
·       quando não conseguimos concretizar aquilo que prometemos, as pessoas que nos pediram para executar alguma tarefa podem se prejudicar, daí ser e, corremos o risco de realizarmos as coisas com má vontade, o que significa o risco de fazê-la mal feita;
·       O “Sim” e o “Não” são conceitos interligados e permanentes em nossa vida, dependendo um do outro, ajudando ou prejudicando o outro.
DICAS PARA APRENDER A DIZER “NÃO”.
- Nunca inicie a frase com o “não”.
- Utilize argumentos simples e objetivos ao dizer o “não”.
-Não demonstre desconforto ou constrangimento ao pronunciá-lo.
- Quando possível, deixe a ideia de que, em outras circunstâncias, você poderia dizer “sim”, mas que no momento é impossível.
- Após a negativa, continue tratando a outra pessoa da mesma forma que antes.
- Não se irrite quando esses pedidos forem absurdos. Dizer um “não” limpo e de forma tranquila sempre é uma atitude recebida com respeito.
FRASES QUE PODEM SER UTILIZADAS:
“Eu não posso me comprometer com isso. No momento tenho outras prioridades”.
“Agora não é uma boa hora, estou no meio de um trabalho. Que tal depois?”
-”Eu adoraria fazer isso, mas...”.
“Deixe-me pensar sobre isso antes. Volto a falar com você.”
“Isso não atende às minhas necessidades”.
“Eu não sou a melhor pessoa para ajudar nisso. Por que não tentar X?”
“Não, eu não posso.”

Espero  ter contribuído para que você reflita sobre o assunto.




[1] -a culpa é um sentimento pesado que nos deixa chateados e até deprimidos  


sábado, 24 de agosto de 2013

Participação no Fórum



A menina que calou o mundo por 5 minutos - Legendado






 Lição 8.

Plano de Aula

Conteúdo: Projeção do filme: A menina que calou o mundo por cinco minutos.

Objetivo Geral: Conscientizar as pessoas da sua responsabilidade social com o mundo,

Objetivo Específico: Refletir sobre o exemplo que estamos transmitindo aos nossos filhos e descendentes.

Atividade: Discussão sobre o tema apresentado no vídeo.

Recursos: Datashow, conversa informal.

Avaliação: Fazer uma listagem das situações narradas pela menina que revelam a capacidade de destruição do homem.

A Nova Mídia Digital (Scribd.)
































                                           Planejamento de Aula

Conteúdo: A Contribuição das Novas Mídias Digital para a Educação

Objetivo Geral:Reconhecer o papel das diversas mídias de comunicação na construção do conhecimento.
Objetivo Específico: 

Recursos: Computador, Data Show, conexão de  internet,materiais diversos para dramatização
Avaliação:  Apresentação oral do trabalho realizado pelo aluno.

Tarefa da Professora Jaqueline Godinho


segunda-feira, 22 de julho de 2013

LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS


   
A análise de texto significa estudar, decompor, dissecar e dividir para interpretá-lo. Cada parte do texto deve ser analisada, buscando-se os elementos chaves do autor e a relação entre as partes constituintes. A decomposição dos elementos essenciais e a sua classificação nos leva até a ideia-chave, que é o conjunto de ideais mais precisas.
O objetivo da análise do texto é: aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto e familiarizar-se com os termos técnicos, ideias, etc.; hierarquizar o conteúdo do texto; perceber que as ideias se relacionam e, identificar as conclusões e as bases que as sustentam.
 Partes da análise do texto:
(a)     dos elementos constituintes básicos,
(b)     das relações entre esses elementos,
(c)     da estrutura do texto.
Tipos de análise do texto:

 
 



TEXTUAL: breve explicação do professor com a primeira leitura pelo aluno. Sucessivas leituras permitirão a identificação  de palavras e parágrafos chaves. O significado das palavras desconhecidas, assim como termos técnicos é procurado no dicionário.
TEMÁTICA: é individual. Permite maior compreensão do texto, a associação de idéias do autor com as preexistentes no conhecimento do estudante. Avaliação da coerência interna do texto. Elaboração do resumo para discussão em sala de aula.
PROBLEMATIZAÇÃO: Atividade em grupo. As questões implícitas e explícitas no texto são levantadas e debatidas.
CONCLUSÃO PESSOAL: Individual. Reelaboração do que foi entendido do texto, resultando num resumo próprio que também uma crítica e reflexão pessoal.
A leitura do texto deve incluir várias leituras:
  • Primeira: serve  para organizar o texto na mente do aluno.
  • Segunda: Sublinhar as idéias principais  e as palavras-chaves (COM DOIS GRIFOS).
            Os trechos mais importantes da idéia desenvolvida são assinalados no texto com uma linha vertical na margem. O que consideramos passível de crítica, objeto  de reparo ou insustentável dentro do raciocínio desenvolvido, destacamos com um ponto de interrogação (?).
Assuntos ou palavras-chaves distintas no texto (assuntos secundários) podem ser grifados com cores diferentes.
A elaboração de um ESQUEMA:
Após várias leituras, com o auxílio de dicionários, torna-se mais fácil à elaboração de um esquema. Trabalhamos então com a hierarquização das palavras-chaves, frases e parágrafos importantes, ligando as idéias sucessivas dos raciocínios desenvolvido pelo autor. A elaboração de um resumo envolve um sentido mais completo entre os parágrafos,  indicam mais do que um tópico, mas são condensados para a apresentação. O resumo facilita o trabalho de captar, analisar, relacionar, fixar e integrar aquilo que se está estudando, e serve  para fixar e expor o assunto, inclusive numa prova.
EXEMPLO DE ESQUEMA E RESUMO:
ANDRADE, Manoel Correia de. Geografia, Ciência da Sociedade: uma introdução “a análise do pensamento geográfico. São Paulo. Ed. Atlas, 1987. p.11-19”.
ESQUEMA:
1. A Geografia como ciência.
1.1              O que é Geografia.
1.2              A Geografia e o problema da interdisciplinaridade.
1.3              A unidade e a diversidade em Geografia.
1.4              O caráter social da ciência geográfica
PALAVRAS-CHAVE: Geografia. Ciência. Positivistas. Conhecimento geográfico. Sociedade. Natureza. Objeto da Geografia. Ratzel. Reclus. Espaço vital. Luta de Classes. Geografia dos exploradores, vulgar e das universidades. Neopositivistas. Matemática Regional. Geografia Crítica ou Radical. Formação econômica-social. Interdisciplinaridade. Diversidade. Sociologia. Antropologia. Economia Política. Psicologia. Etnologia. História. Geologia. Pedologia. Mineralogia. Hidrologia. Meteorologia. Astronomia. Oceanografia. Técnicas Cartográficas e Estatísticas. Ramos do Conhecimento e especializações da Geografia. Geografia Física. Geografia Humana. Especialização. Ciência Social.
EXEMPLO DE RESUMO:
“Parte do conhecimento geográfico foi organizado a partir do século XIX em ciência geográfica, aos moldes da divisão positivista da ciência”. Naquele momento, a Geografia limitou-se a descrever a superfície da Terra e prestou serviços ao expansionismo colonial.
No século XX passou a significar a ciência que estudava a distribuição dos fenômenos físicos, biológicos e humanos na superfície da Terra e, posteriormente, adotou técnicas quantitativas (matemáticas e estatísticas) e serviu a governos, por vezes, autoritários. Mais recentemente, ela busca estudar as relações existentes entre a Sociedade e a Natureza, utilizando categorias dialéticas e marxistas.
A análise da ação da sociedade no espaço requer conhecimento das seguintes áreas: Sociologia, Antropologia, Economia Política, Psicologia, Etnologia, Geologia, Pedologia, Mineralogia, Hidrologia, Meteorologia, Astronomia e Oceanografia.


As especializações do conhecimento geográfico e a tendência que vem ocorrendo estão levando a Geomorfologia, a Hidrografia, Climatologia, Biogeografia e a Geografia Política a se transformarem em ciências autônomas. O aumento do conhecimento da ciência geográfica e a tendência à subdivisão levaram às especializações, e como consequência, à quebra da unidade da Geografia. A preocupação dos geógrafos, atualmente, é reverter  esta divisão, e a da Geografia Humana e Geografia Física, através da explicação da organização espacial das formações econômico-sociais-sociais (Sociedade e Natureza). “O autor concebe a Geografia como uma ciência social  por esta estudar a relação entre a Sociedade e a Natureza na construção do espaço, podendo esta ciência auxiliar nas formas dessa relação”. (CARVALHO, M. S.)
 (Observe quantas palavras-chaves foram utilizadas!).
 FICHAMENTO E RESUMOS.
Ao iniciarmos uma pesquisa, uma das primeiras atividades a ser realizada, após a escolha do tema, é a pesquisa bibliográfica e a elaboração de fichas e resumos. De acordo com LAKATOS & MARCONI (1990, p. 43), a PESQUISA BIBLIOGRÁFICA compreende oito fases distintas:
escolha  do tema;
  • elaboração do plano de trabalho;
  • identificação;
  • localização;
  • compilação;
  • fichamento;
  • análise e interpretação;
  • redação.
 As fichas devem conter cabeçalho, referência bibliográfica e o texto em si.
O fichamento NÃO É:
         um sumário ou índice do livro ou  texto. Ele é redação sucinta das ideias do texto.
         uma transcrição de parte ou do texto. Ele é uma interpretação que o leitor faz da obra e, por isso, redigida com suas próprias palavras.
         Ele, porém, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica.
Muitos professores confundem o fichamento com resumos e análises de textos, passando aos alunos uma ideia equivocada. O sistema de fichamentos foi criado pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de Ciências no século XVII e atualmente  você pode escolher entre vários tipos de fichas de tamanhos diferentes. No cabeçalho deve constar o tema de interesses da pesquisa.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E BIBLIOGRAFIA:
A referência bibliográfica é a identificação do texto analisado de acordo com as normas da ABNT (podendo vir como o conhecido pé de página ou no final do texto, antes da bibliografia).
Na Biblioteca Central da UEL existe pessoal especializado para orientação no setor de Referência.
A Referência Bibliográfica é diferente da Bibliografia. Se eu cito algum autor no meu texto, eu tenho de fazer também a referência bibliográfica. A Bibliografia sempre deve constar num trabalho, pois é muito difícil se fazer um trabalho de pesquisa sem ter consultado artigos e livros escritos por autores.
NÃO SE ESQUEÇA: Se você quiser reproduzir um trecho do texto analisado, deve colocá-lo entre aspas (““) seguidas das informações da obra citada: ano e página. Em alguns editores de texto há até o estilo de citação. Mas atenção, "copiar" um texto de outro autor e não dizer que é uma citação, é considerado fraude, plágio e é crime. Nada desmerece o seu trabalho se você citar alguém. Pelo contrário, demonstra que você pesquisou e fez um bom trabalho.
RESUMOS.
Ao se fazer um resumo buscamos apresentar, de maneira enxuta, destacando os elementos de maior importância o que o autor escreveu no texto.
Segundo LAKATOS & MARCONI (1990, p.67), várias leituras são necessárias para a elaboração do RESUMO. Na primeira leitura fazemos um esboço, tentado perceber o plano geral da obra e o seu desenvolvimento. Na segunda leitura devemos responder a seguinte pergunta: De que trata o texto? Qual é a sua ideia central?
Na terceira leitura identificamos as partes principais do texto, ao compreendermos as ideias descritas já identificamos as diferentes partes que o compõem.
Aplicando a técnica de análise de texto, identificamos as palavras-chaves e os parágrafos chaves.
BIBLIOGRAFIA: Este exemplo é de como eu disponho corretamente a bibliografia que usei para fazer este meu texto,  no caso, um livro de duas autoras. Quando é um artigo num boletim ou num livro, a ordem é diferente.
É bom ter a seguinte ordem quando é um livro:
SOBRENOME do Autor, nome e outros autores. Dê dois espaços e entre com a edição no caso de não ser a 1ª. Segue o  título do livro em destaque (negrito ou sublinhado).
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade.  2ª ed. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas,  1990.
Continuando, entra-se com o nome da cidade onde foi feita a publicação. Nome da Editora. Número da edição. Ano da publicação.
Não é obrigatório, mas pode-se acrescentar o número total de páginas do livro. É muito útil quando se quer pedir a xerox de material esgotado através do COMUT (procure saber o que é na Biblioteca de sua cidade ou Universidade).
Glossário:
Palavras Chaves: Definem o(s) tema(s) do artigo. Pode-se usar até 5.



quarta-feira, 10 de julho de 2013

EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O QUE É SABER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ?




O QUE É SABER LER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO?
                                                                                        Texto de Jayme T. Filho
·       Qual a importância do ato de ler nos dias atuais?
·       Qual o valor que  o “saber ler” agrega na nossa vida pessoal e profissional?
·       O que é “saber ler” na "sociedade do conhecimento"?
·       Seremos ainda capazes de "ler" , quando textos são cada vez mais "hipertextos" e os contextos cada vez mais globalizados?
·       Enfim, numa era cada vez mais de imagens, ainda faz sentido ler?
Essas questões estão presentes na ideia de "sociedade do conhecimento".
A ONU emprega um conceito de "analfabetismo" que vem ao encontro dessas questões.O "iletrado" (ou analfabeto) não é aquele que simplesmente não sabe ler e escrever,mas sim,  aquele que não domina a sua linguagem, o seu idioma, o suficiente para:
1.     ler os manuais  de funcionamento das ferramentas de seu ofício, e entender suas instruções e ,assim poder atuar como trabalhador produtivo.
2.      entender seus direitos e deveres na sociedade em que vive, e  viver como cidadão.

Nessa visão, o "saber ler" na sociedade do conhecimento em que vivemos é poder se posicionar no mercado de "trabalhadores do conhecimento" e garantir conscientemente seus direitos políticos numa sociedade interconectada.      O acesso a esse mercado de trabalho e a essa rede de relações já é em si um problema, principalmente nos países periféricos. Mas a decifração dos conteúdos que fluem nessa rede global passa pelo domínio de uma nova linguagem (não apenas o Português ou o Inglês), instrumentada por novas ferramentas (que não mais só a do lápis e papel) e construída com novas técnicas (já de hipertexto, e não mais apenas do fraseado linear).
Adilson Citelli in: (O Texto Argumentativo, São Paulo: Editora Scipione, 1994) defende que as palavras se tornam ações com objetivos práticos. A linguagem assim seria uma forma de ação.Para Cittelli, em sociedades abertas , em regimes não-ditatoriais, a luta entre interesses de diferentes indivíduos, grupos e classes se dá também pelo uso da linguagem argumentativa. Daí podermos depreender que saber perguntar e saber argumentar ajudam, em certo nível, a defender os próprios interesses, a própria cidadania. Os discursos, os argumentos e as respostas podem igualmente esclarecer ou confundir, explicar ou mascarar, libertar ou oprimir.
Será ainda verdade que dominar a linguagem é dominar o mundo?
Num artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Leitura, em 1981, Paulo Freire defendia a importância da compreensão crítica do ato de ler, que para ele não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, "mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo" (A Importância do Ato de Ler, São Paulo: Editora Cortez, 1999, 38a. edição). Para Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e por isso a leitura da palavra não pode prescindir da contínua leitura do mundo. Para "saber ler" é preciso então perceber as relações entre texto e contexto.
Mas, quando é mesmo que desenvolvemos esse "saber ler"?
 Em "O Desaparecimento da Infância" (Rio de Janeiro: Graphia, 1999), Neil Postman mostra que a infância, da forma como a conhecemos, não existiu sempre e talvez esteja desaparecendo. O lugar no tempo de vida reservado ao aprendizado da complexa simbologia necessária ao entendimento do mundo - a infância - está sendo substituído, reduzido, tornado obsoleto. A cada geração, ou menos, as crianças dominam mais cedo os códigos dos adultos. Se antes eram necessários vários anos de "educação" para dar acesso a uma pessoa ao acervo cultural da sociedade, hoje esse acervo é cada vez mais acessível - em várias formas simplificadas, mediadas, "hiperlinkadas" - às pessoas em idades cada vez mais precoces.Postman não está sozinho em chamar a atenção para os impactos da mídia na educação e das transformações sociais que vem provocando.
 Giovanni Sartori (Homo Videns: Televisão e Pós-pensamento, Lisboa: Terramar, 1999) argumenta que estamos imersos em um universo multimídia - televisão, Internet, etc. - caracterizado pelo "telever" e pelo "videoviver".
 Para Sartori, estamos nos transformando de Homo Sapiens, produto da cultura escrita, em Homo Videns, num mundo em que a palavra é destronada pela imagem.
 E mais: a "videocriança" está sendo criada pelo telever, à frente da TV ou do PC, ainda antes de saber ler e escrever.
 

terça-feira, 9 de julho de 2013

EAD:DEMOCRATIZAÇÃO OU MASSIFICAÇÃO DO ENSINO ?




                                                                                                                      Marli Sarcinelli Capp
Este artigo é um convite para  uma reflexão sobre as formas de  se garantir que a utilização de tecnologias avançadas venham a contribuir para a individualização do ensino à distância e para a formação de profissionais competentes, críticos e criativos, fugindo à padronização e à massificação do ensino.

   

               
Através de uma breve retrospectiva histórica  da evolução da EAD no Brasil, fica  evidenciada a importante contribuição das novas tecnologias, como mediadoras pedagógicas, nessa modalidade de ensino. Estabelecendo-se como marco inicial o “Ensino por Correspondência”,  destaca-se atualmente, o grande impacto dos veículos educativos, entre eles o rádio, a televisão, o vídeo, os Sistemas Integrados (microondas, satélites, cabo) e da informática (Software, CD-Rom), chegando-se à Escola Virtual, que se utiliza principalmente da Internet, podendo-se afirmar, com certeza, que a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos e das ciências do conhecimento, nas últimas décadas, elevou o potencial de expansão da EAD.
A principal inovação das últimas décadas na área da educação, foi a criação , a implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas de EAD, que começaram a abrir possibilidades de se promover oportunidades educacionais para grandes contingentes populacionais não mais somente a partir de critérios quantitativos, mas principalmente a partir de noções de qualidade, flexibilidade,liberdade e crítica. (JUSTE,  1998, p.13)

O impacto causado por essa  revolução no processo ensino-aprendizagem provocou reações diversas nos educadores. Para alguns, seria a forma de se ampliar as oportunidades educacionais e a via mais rápida para a democratização do ensino. Outros consideraram a EAD como  uma forma de educação de massa, que  levaria à padronização dos conhecimentos sem que houvesse flexibilidade na sua mediação, seja propiciando formas de interagir com o material instrucional, seja atendendo aos  interesses e necessidades individuais.
 As questões  que constituíram a base  deste estudo, foram:
-       qual a contribuição da EAD para a democratização do ensino;
-       que papel as novas tecnologias podem desempenhar na mediação pedagógica da EAD;
-       até que ponto é possível fugir à massificação, na capacitação dos recursos humanos de que o país necessita, através da EAD;
-       em que medidas as duas correntes podem ser aceitas sem maiores restrições?
As conclusões foram as seguintes:
  •       a EAD  é um  recurso de inegável importância para  a democratização do ensino, porque  pode  atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva  que outras modalidades e sem riscos de se reduzir a qualidade dos serviços  oferecidos, em decorrência da ampliação da clientela atendida;
  •     as novas tecnologias  são facilitadoras do acesso à informação.

 Scriven ( 1991), afirma  que a informação não é  educação, mas o conhecimento se firma na informação. Através dos diversos recursos tecnológicos, o aluno gerencia o seu aprender e tem acesso a um maior número de informações. 
É preciso, porém, muito cuidado com a  supervalorização, com seu emprego exclusivo, uma vez que, o Brasil  é um país de  grandes contrastes considerando-se a vasta extensão do território brasileiro. Em muitas regiões ainda é  impossível o uso exclusivo das novas tecnologias e  é bom lembrar   que elas não substituem o professor e nem podem ser consideradas como a única forma de mediação pedagógica;
  •   uma das grandes vantagens da EAD é a possibilidade de atender as diferenças individuais. 
  •       A   massificação não ocorrerá  quando em seu planejamento for previsto: a diversidade regional, o seu longo alcance; o uso de metodologia  e equipamentos adequados; uma tutoria qualificada e comprometida; material didático que  atenda às necessidades dos cursos oferecidos e  uma proposta político-pedagógica coerente. 
  •        É importante  ainda, registrar que  massificar não é oferecer  qualquer tipo de ensino. É oportunizar o aprimoramento, a capacitação, a atualização e a escolarização a um maior número de pessoas, com menor custo, uma vez que a quantidade de clientela atendida, faz com que os altos custos iniciais, para sua  implantação, sejam reduzidos;      não existe aceitação total, sem restrições, em questões educacionais.
  •      Sempre haverá divergências de opiniões. Essas divergências são pontuais, mas começa-se a chegar a um conjunto relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar a EAD e dar-lhe uma dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de processos de ensino.

Democratizar é oferecer oportunidades iguais  a todos.
Massificar é oferecer a todos qualquer tipo de ensino.



A importância do Maravilhoso na Literatura Infantil

   

    Em seus primórdios, a Literatura foi essencialmente fantástica. Nessa época era inacessível à humanidade o conhecimento científico dos fenômenos da vida natural ou humana, assim sendo o pensamento mágico dominava em lugar da lógica que conhecemos.  A essa fase mágica, e já revelando preocupação crítica às relações humanas ao nível do social, correspondem as fábulas. Compreende-se, pois, porque essa literatura arcaica acabou se transformando em Literatura Infantil: a natureza mágica de sua matéria atrai espontaneamente as crianças.       A literatura fantasista foi a forma privilegiada da Literatura Infantil, desde seus primórdios (sec. VII), até a entrada do Romantismo, quando o maravilhoso dos contos populares é definitivamente incorporado ao seu acervo (pelo trabalho dos Irmãos Grimm, na Alemanha; de Hans Christian Andersen, na Dinamarca; Garret e Herculano em  Portugal;etc.)                                    
Considera-se como Maravilhoso todas as situações que ocorrem fora do nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou indeterminado na terra. Tais fenômenos não obedecem as leis naturais que regem o planeta. O Maravilhoso sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes na literatura destinada à crianças. 
      Através do prazer ou das emoções que as estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nas tramas e personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida.
      A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança em defender sua vontade e sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos.
     É nesse sentido que a Literatura Infantil e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta.
      O maniqueísmo que divide as personagens em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita criança a compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social.
       Tal dicotomia, se transmitida através de uma linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à formação de sua consciência ética.
         O que as crianças encontram nos contos de fadas são, na verdade, categorias de valor que são perenes.
 O que muda é apenas o conteúdo rotulado de bom ou mau, certo ou errado.
         Lembra a Psicanálise, que a criança é levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza, mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu inconsciente desejo de bondade e beleza e, principalmente, sua necessidade de segurança e proteção.
      Pode assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.

     A área do Maravilhoso, da fábula, dos mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o pensamento mágico, natural das crianças.
    Segundo a Psicanálise, os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.

Para citar este artigo copie as linhas abaixo:
CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. A IMPORTÂNCIA DO MARAVILHOSO NA LITERATURA INFANTIL [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/marav.htm
Capturado em 4/3/3905 

A DESCONSTRUÇÃO DO MEDO DE BRUXA NA LITERATURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA




           Em minhas reminiscências de infância, a imagem da bruxa era sempre apavorante.
Sua caracterização física auxiliava sobremaneira na construção do medo diante dessa figura feminina que, muitas vezes, era usada até por pais como elemento ameaçador a fim de disciplinar as crianças.
           Cresci ouvindo a descrição da bruxa da história de João e Maria, senhora de feições grotescas afeita à antropofagia. Esse ser aterrorizante que comia criancinhas merecia mesmo tão duro castigo aplicado por João e Maria.
           Isso sem falar da madrasta da Branca de Neve que personifica essa maldade de bruxa a fim de castigar a enteada por sua beleza. Associado a essas imagens, surge o adjetivo bruxa, como caracterizador de mulher feia e megera.
          Essa visão da bruxa passou por transformações e, atualmente, percebe-se a criação de bruxas que agem eventualmente com bondade ou, por vezes, portam-se como fadas.
          Foi diante dessas inquietações que surgiu a temática deste ensaio, a fim de investigar como se situa a imagem da bruxa nos dias de hoje. Para tanto, partirei inicialmente de uma abordagem psicológica do que representa o medo de bruxa. Desejo e medo são elementos fundamentais para a evolução dos seres humanos, uma vez que temos medo do que desejamos e desejamos o que nos faz medo.
          Na evolução humana, esses temores devem ser enfrentados, sob a pena de surgirem patologias. O medo de bruxa pode ser relacionado a dois degraus da escada do desejo e do medo proposta pelo psicólogo Jean-Yves Leloup: medo da separação e medo de ser rejeitado pela sociedade.
         As crianças tem medo de se separar da mãe (ou pessoa que represente este papel) e perder a garantia de segurança e proteção. Essa figura materna é vista com ternura e cercada de atributos positivos. Entretanto algumas vezes, a criança é contrariada em suas vontades exatamente por essa pessoa.
         Instaura-se, assim, o dilema infantil: como sentir raiva de alguém tão amado sem ferir-lhe os sentimentos e perdê-la? Manifesta-se a necessidade de dividir a figura materna em duas partes que corresponderiam à fada, vertente positiva, e a bruxa, lado negativo. Com essa cisão, a bruxa concentra em si a maldade e, por isso, pode ser odiada e castigada numa atitude de enfrentamento por parte da criança.
              A bruxa, para vivificar esses desejos de vingança infantil, tem de corresponder a um ser detestável. Daí nasce a imagem de uma ardilosa senhora, de certa idade, que se veste em tons escuros e sombrios, sendo geralmente descrita como fisicamente fora do padrão de beleza social.
             A maldade precisa ser sua característica mais marcante a fim de justificar tamanho ódio a ela direcionado pelo personagem principal das histórias. Desta maneira, a dissociação de bem (fada-mãe-protetora) e mal (bruxa-mãe/madrasta-malvada) facilita a superação do medo da separação materna.
            O desejo de corresponder a uma imagem de "homem de bem" ou "mulher de bem" gera a preocupação com o chamado imago social. Desse desejo de corresponder a uma imagem social de “bem”, surge um medo de ser rejeitado pelo grupo e de ser diferente.
            A sombra, na conceituação proposta por Jung, contém os aspectos ocultos, reprimidos e desfavoráveis do homem. Para ultrapassar a limitação, o ego entra em conflito com esta sombra a fim de enfrentar a não aceitação de características pessoais socialmente mal vistas.
           A necessidade de enfrentar a própria sombra é tematizada pela literatura infantil de diversas maneiras, dentre elas através das bruxas. Elas simbolizam a força perversa do poder. Por muito tempo, foram personificadas através de um estereótipo grotesco, a fim de impactar e causar horror.
           O herói precisa reconhecer a existência da sombra e a batalha travada para vencer o poder da bruxa representa o triunfo do ego sobre essas tendências negativistas.
          Segundo a psicanálise, o maniqueísmo que divide as personagens facilita a compreensão de valores básicos da conduta humana e do difícil convívio social.
Se essa dicotomia for transmitida através de uma linguagem simbólica durante a infância, não prejudica a formação de sua consciência ética.
          A criança identifica-se com os heróis do mundo maravilhoso, sendo assim levada a resolver, inconscientemente, sua situação pessoal. Dessa forma, consegue enfrentar e superar o medo presente à sua volta e pode, gradativamente, alcançar o equilíbrio na fase adulta.
           A literatura infantil contemporânea convive com um sério problema: de que maneira apresentar ao público infantil esse lado pavoroso da “sombra do homem” tão presente na vida moderna?
           Será que essa polarização de bem e mal é o melhor caminho ou seria mais adequado mostrar a relatividade das coisas e as ambiguidades das pessoas?
           A ética maniqueísta que separa nitidamente bem de mal, certo de errado, vem perdendo espaço. Em seu lugar, está presente uma ética relativista em que o mal aparente revela-se em bem ou resulta em algo certo. Essas transformações podem ser bem observadas diante da mudança no emprego de outra categoria de personagem que é a transfiguração de uma realidade humana.
            A visão maniqueísta da bruxa apresenta-a como uma personagem-tipo ou plana que é estereotipada. Essa personagem corresponde a um procedimento padrão de maldade que nunca muda suas ações ou reações, sendo sempre má.
            Em consequência de uma nova visão de mundo, os escritores passaram a privilegiar personagens que sejam condizentes com essa relativização de conceitos. Essa dimensão ambígua do homem ganha forma através da personagem-individualidade, típica da ficção contemporânea. Esse tipo de personagem não pode ser rotulado como sendo bom ou mau, ele passa a “estar” bom ou mau diante diferenciadas situações.
            Apesar das críticas recebidas pela ética relativista, ela mostra-se cada vez mais presente nas histórias infantis. Aqui a bruxa torna-se um elemento bastante representativo para uma observação da desconstrução da imagem de maldade da bruxa, inclusive com um trabalho de identificação do leitor com ela.
            Como exemplos de bruxas nessa concepção de personagem-individualidade, observei algumas produções infantis brasileiras. Encontrei manuais para entender melhor as bruxas com vestimenta, acessórios, formas de agir etc.
            Bartolomeu Campos de Queirós mostra as sutilezas do lado bruxa da vida em Onde tem bruxa tem fada. Eva Furnari apresenta uma bruxa atrapalhada, bem próxima à realidade infantil, bem como a personagem Bruxa Onilda em suas viagens.
Como não poderia abordar várias obras, selecionei duas como representativas dessa nova bruxa: a peça A Bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado e Uxa - ora fada ora bruxa de Sylvia Orthof. Logo, pelo título Maria Clara rompe com esse paradigma de maldade relacionada às bruxas. Na verdade, a bruxa/feiticeira era um elemento importante em diversas culturas, como por exemplo, a céltica.
           Com a difusão da fé católica, ela adquiriu essa carga pejorativa. Diante da figura próxima ao demônio, os fiéis temiam as bruxas e, principalmente durante a Santa Inquisição, queimavam-nas em praça pública.
            Na peça, há seis bruxas, sendo uma a chefe das demais que são aprendizes prestes a realizar seus exames finais diante do temido Bruxo Belzebu, sua Ruindade Suprema. Subliminarmente, questiona-se o poder da dominação do Grande Bruxo e o medo que as outras sentem de contrariá-lo de alguma maneira. A Bruxinha Ângela, cujo nome sugere referência a anjo, é diferente das outras em seu comportamento e até fisicamente (típico Patinho Feio). Ela tem movimentos elegantes, risos ao invés de estridentes gargalhadas, rostinho angelical e cabelos estranhamente louros. Ela não apresenta o estereótipo da bruxa e não é de sua natureza fazer maldades. Em certa parte da história, o Grande Bruxo convoca as bruxinhas aprendizes para fazer maldades, pois só se veem bruxas falsificadas, segundo ele.
            O primeiro alvo é Pedrinho, jovem lenhador, que acaba achando aquela Bruxinha diferente e até questiona se ela não é uma fada disfarçada. Com o auxílio dele, Ângela consegue não ficar presa numa torre que seria o castigo por não fazer as maldades típicas de uma bruxa.
            Já Sylvia Orthof traz o humor para sua história ao contar as desventuras da baixinha e gordinha Uxa que, sendo bruxa, resolve dar uma de fada algumas vezes. Para desempenhar esse papel, ela tem de mudar o visual e coloca peruca loura e chapéu de fada. Como para uma bruxa é difícil fazer caridade; ela, na tentativa de ser boa, acaba criando diversas confusões.
             Depois de seus equívocos como fada, a varinha vira vassoura e ela diz que se cansou de ser tão boa... E loura. Ela descobre que pratica mesmo o que chama de “maldade beleza pura” e ajuda diversas pessoas. Num real afastamento da imagem de medo em relação à bruxa, a autora apresenta Uxa através de um narrador que se diz amigo dela. Para finalizar e atualizar esse referencial da bruxa, ela se apaixona perdidamente por um moderno computador.
            Encerro, portanto, este ensaio com a certeza de que a imagem da bruxa, atualmente, não é mais apavorante e que inspira medo. Pelo contrário, multiplicam-se os sítios na grande rede de computadores que registram como fazer bruxarias e afirmam categoricamente as boas intenções das bruxas.
           A literatura infantil está desempenhando este papel de mostrar a relativização dos conceitos de bem e mal em toda a sua ambigüidade humana.
            Ficam aqui como fecho duas frases; uma do narrador da história de Uxa, complementada pelas palavras finais de Iêda de Oliveira em Bruxa e Fada Menina Encantada:
“(...) sei não, eu acho Uxa muito parecida com muita gente!”
 “Quando se zanga, vira bruxa / Quando ama, vira fada.”.

Referências Bibliográficas
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 14. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dictionanaire des Symboles. Paris, Seghers et Jupiter, 1969.
LELOUP, Jean-Yves. Caminhos da realização dos medos do eu ao mergulho no Ser. 10ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil - Teoria - Análise - Didática. 5ª ed. São Paulo: Ática, 1991.
MACHADO, Maria Clara. A Bruxinha que era boa. In: Teatro I. 12ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1987.
ORTHOF, Sylvia. Uxa - ora fada, ora bruxa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.