Este blog objetiva registrar minha experiência profissional durante mais de 50 anos. Seus textos não são inéditos e nem somente de minha autoria. Ele se constitui de textos de educadores que concebem o processo educativo como interação de todos os sujeitos, que induzirão o leitor à reflexão, sugerindo idéias propondo uma re-visão nesse diálogo permanente, que é a Educação. Educar, não será preparar para a vida, será a própria vida.
domingo, 3 de novembro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
APRENDER A DIZER NÃO
Nessas longas noites, que passo
acordada, o sono chega, porém, não durmo nem com medicamentos! Coloco então,
alguma leitura em dia, para suportar o passar das horas. E, como é demorado
esse decorrer das horas! Leio, enquanto aguardo que o cansaço se sobreponha
à dor, e eu consiga dormir.
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APRENDER A DIZER NÃO
Este
texto é um breve resumo de um dos textos publicados na revista Psicanálise, cujo
título é: APRENDER A DIZER NÃO.
O
“não” é uma palavra pequenina, mas, tem uma conotação difícil de ser entendida,
apreendida e aprendida ou até mesmo de ser pronunciada A dificuldade está
relacionada à importância que damos à opinião dos outros, sobre o que pensam de nós.
Os motivos que nos
levam à dificuldade mencionada são inúmeros.
Vamos considerar alguns :
· palavra
pequena, e , carrega uma carga emocional tão forte, que, muitas vezes nos
impede de pronunciá-la.
· tamanha
dificuldade está relacionada à importância que damos a opinião alheia, porque
“o não” implica muitas vezes, em desagradar o outro;
· essa
dificuldade está relacionada à preocupação que temos com nossa imagem pessoal,
pois cremos que as pessoas que concordam com tudo, são mais queridas e amadas, e,
que nunca dizem “não”;
· ninguém
gosta de ser taxado de egoísta, chato, “desmancha prazeres”, intransigente
entre outros tantos adjetivos, aí, consideramos que o melhor caminho a ser adotado,
é dizer “amém” a tudo e a todos;
· criamos
o hábito e a dificuldade do “não”, ainda na infância, quando pais e professores
nos ensinam o que é certo ou errado;
· na
infância, nossa liberdade é muito limitada, pois, temos que seguir regras e
normas, sem entendê-las;
· quando
crianças, aprendemos que devemos manter o quarto arrumado, os brinquedos no
lugar certo, o material escolar impecável, mesmo contra nossa vontade,
-uma ação mecânica. Se não atendermos
às recomendações que nos empurram “goela abaixo”, seremos rejeitados e menos amados,
e, desejamos ser amados e aceitos, por isso obedecemos. E, aceitamos tudo o que
nos é imposto; (não brigar com os irmãos, comer verduras, tirar boas notas ser
sempre educado, etc., etc...);
· ensinam-nos
ainda, que, “Papai do Céu” não gosta de criança assim, o que nos leva a temê-lo
e não somente a amá-lo;
· a
grande dificuldade que encontramos em negar alguma coisa alguém reside na culpa[1]
que carregamos por toda a vida;
· tememos
ainda, que o outro seja agressivo, fique zangado ou até mesmo decepcionado
conosco;
- essa visão negativa
do “não” é imaginária, associada a alguma experiência do passado, o que nos
leva a concluir, que, o caminho mais correto será dizer “sim” a tudo;
·
com o amadurecimento, alguns aprendem
a dizer o “não”- e, a lidar melhor com essas experiências, aprendendo que
podemos expor nossos pensamentos, recusando-nos a aceitar a tal culpa;
·
em nossas relações sociais, em casa ou
no trabalho, quando dizemos “sim “a tudo”“, podemos nos sobrecarregar de
afazeres;
·
a dificuldade de dizer “não”, em
alguns momentos, pode nos levar a frustações por acabarmos fazendo algo que não
queremos, ou sermos magoados por nos sentirmos explorados;
·
quando ficamos sobrecarregados de
afazeres, geralmente na lista de pendências e obrigações com afazeres que não
fariam parte delas (por não termos dito “não”), aumenta e, assim, deixamos de
ser eficientes porque, não conseguimos fazer ou realizar o que planejávamos;
·
quando não conseguimos concretizar
aquilo que prometemos, as pessoas que nos pediram para executar alguma tarefa
podem se prejudicar, daí ser e, corremos o risco de realizarmos as coisas com
má vontade, o que significa o risco de fazê-la mal feita;
·
O “Sim” e o
“Não” são conceitos interligados e permanentes em nossa vida, dependendo um do
outro, ajudando ou prejudicando o outro.
DICAS PARA APRENDER A DIZER “NÃO”.
- Nunca inicie a frase com o “não”.
- Utilize argumentos simples e objetivos ao dizer o
“não”.
-Não demonstre desconforto ou constrangimento ao
pronunciá-lo.
- Quando possível, deixe a ideia de que, em outras circunstâncias,
você poderia dizer “sim”, mas que no momento é impossível.
- Após a negativa, continue tratando a outra pessoa
da mesma forma que antes.
- Não se irrite quando esses pedidos forem
absurdos. Dizer um “não” limpo e de forma tranquila sempre é uma atitude
recebida com respeito.
FRASES QUE PODEM SER UTILIZADAS:
“Eu não posso me comprometer com isso. No momento
tenho outras prioridades”.
“Agora não é uma boa hora, estou no meio de um
trabalho. Que tal depois?”
-”Eu adoraria fazer isso, mas...”.
“Deixe-me pensar sobre isso antes. Volto a falar com
você.”
“Isso não atende às minhas necessidades”.
“Eu não sou a melhor pessoa para ajudar nisso. Por
que não tentar X?”
“Não, eu não posso.”
Espero ter contribuído para que você reflita sobre o
assunto.
sábado, 24 de agosto de 2013
A menina que calou o mundo por 5 minutos - Legendado
Lição 8.
Plano de Aula
Conteúdo: Projeção do filme: A menina que calou o mundo por cinco minutos.
Objetivo Geral: Conscientizar as pessoas da sua responsabilidade social com o mundo,
Objetivo Específico: Refletir sobre o exemplo que estamos transmitindo aos nossos filhos e descendentes.
Atividade: Discussão sobre o tema apresentado no vídeo.
Recursos: Datashow, conversa informal.
Avaliação: Fazer uma listagem das situações narradas pela menina que revelam a capacidade de destruição do homem.
A Nova Mídia Digital (Scribd.)
Planejamento de Aula
Conteúdo: A Contribuição das Novas Mídias Digital para a Educação
Objetivo Geral:Reconhecer o papel das diversas mídias de comunicação na construção do conhecimento.
Objetivo Específico:
Recursos: Computador, Data Show, conexão de internet,materiais diversos para dramatização
Avaliação: Apresentação oral do trabalho realizado pelo aluno.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS
A análise de texto
significa estudar, decompor, dissecar e dividir para interpretá-lo. Cada parte
do texto deve ser analisada, buscando-se os elementos chaves do autor e a
relação entre as partes constituintes. A decomposição dos
elementos essenciais e a sua classificação nos leva até a ideia-chave,
que é o conjunto de ideais mais precisas.
O objetivo da análise
do texto é: aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto
e familiarizar-se com os termos técnicos, ideias, etc.; hierarquizar o conteúdo
do texto; perceber que as ideias se relacionam e, identificar as conclusões e
as bases que as sustentam.
Partes da
análise do texto:
(a)
dos elementos constituintes básicos,
(b)
das relações entre esses elementos,
(c)
da estrutura do texto.
|
TEXTUAL: breve explicação do
professor com a primeira leitura pelo aluno. Sucessivas leituras permitirão a
identificação de palavras e parágrafos chaves. O significado das palavras
desconhecidas, assim como termos técnicos é procurado no dicionário.
TEMÁTICA: é individual.
Permite maior compreensão do texto, a associação de idéias do autor com as
preexistentes no conhecimento do estudante. Avaliação da coerência interna do
texto. Elaboração do resumo para discussão em sala de aula.
PROBLEMATIZAÇÃO: Atividade em grupo.
As questões implícitas e explícitas no texto são levantadas e debatidas.
CONCLUSÃO PESSOAL: Individual.
Reelaboração do que foi entendido do texto, resultando num resumo próprio que
também uma crítica e reflexão pessoal.
A leitura do texto deve incluir várias
leituras:
- Primeira: serve para organizar o
texto na mente do aluno.
- Segunda: Sublinhar as idéias
principais e as palavras-chaves (COM DOIS GRIFOS).
Os trechos mais importantes da idéia
desenvolvida são assinalados no texto com uma linha vertical na margem. O que
consideramos passível de crítica, objeto de reparo ou insustentável
dentro do raciocínio desenvolvido, destacamos com um ponto de interrogação (?).
Assuntos ou
palavras-chaves distintas no texto (assuntos secundários) podem ser grifados
com cores diferentes.
A elaboração de um ESQUEMA:
Após várias leituras,
com o auxílio de dicionários, torna-se mais fácil à elaboração de um esquema.
Trabalhamos então com a hierarquização das palavras-chaves, frases e parágrafos
importantes, ligando as idéias sucessivas dos raciocínios
desenvolvido pelo autor. A elaboração de um resumo envolve um sentido
mais completo entre os parágrafos, indicam mais do que um tópico, mas são
condensados para a apresentação. O resumo facilita o trabalho de captar,
analisar, relacionar, fixar e integrar aquilo que se está estudando, e
serve para fixar e expor o assunto, inclusive numa prova.
EXEMPLO DE ESQUEMA E
RESUMO:
ANDRADE, Manoel Correia de. Geografia,
Ciência da Sociedade: uma introdução “a análise do pensamento geográfico.
São Paulo. Ed. Atlas, 1987. p.11-19”.
ESQUEMA:
1. A Geografia como ciência.
1.1
O que é Geografia.
1.2
A Geografia e o problema da interdisciplinaridade.
1.3
A unidade e a diversidade em Geografia.
1.4
O caráter social da ciência geográfica
PALAVRAS-CHAVE: Geografia. Ciência.
Positivistas. Conhecimento geográfico. Sociedade. Natureza. Objeto da
Geografia. Ratzel. Reclus. Espaço vital. Luta de Classes. Geografia dos
exploradores, vulgar e das universidades. Neopositivistas. Matemática Regional.
Geografia Crítica ou Radical. Formação econômica-social. Interdisciplinaridade.
Diversidade. Sociologia. Antropologia. Economia Política. Psicologia.
Etnologia. História. Geologia. Pedologia. Mineralogia. Hidrologia.
Meteorologia. Astronomia. Oceanografia. Técnicas Cartográficas e Estatísticas.
Ramos do Conhecimento e especializações da Geografia. Geografia Física.
Geografia Humana. Especialização. Ciência Social.
EXEMPLO DE RESUMO:
“Parte do
conhecimento geográfico foi organizado a partir do século XIX em ciência geográfica,
aos moldes da divisão positivista da ciência”. Naquele momento, a Geografia
limitou-se a descrever a superfície da Terra e prestou serviços ao
expansionismo colonial.
No século XX passou a significar a ciência
que estudava a distribuição dos fenômenos físicos, biológicos e humanos na
superfície da Terra e, posteriormente, adotou técnicas quantitativas
(matemáticas e estatísticas) e serviu a governos, por vezes, autoritários. Mais
recentemente, ela busca estudar as relações existentes entre a Sociedade e a
Natureza, utilizando categorias dialéticas e marxistas.
A análise da ação da sociedade no espaço
requer conhecimento das seguintes áreas: Sociologia, Antropologia, Economia
Política, Psicologia, Etnologia, Geologia, Pedologia, Mineralogia, Hidrologia,
Meteorologia, Astronomia e Oceanografia.
As especializações do conhecimento geográfico e a tendência que vem ocorrendo estão levando a Geomorfologia, a Hidrografia, Climatologia, Biogeografia e a Geografia Política a se transformarem em ciências autônomas. O aumento do conhecimento da ciência geográfica e a tendência à subdivisão levaram às especializações, e como consequência, à quebra da unidade da Geografia. A preocupação dos geógrafos, atualmente, é reverter esta divisão, e a da Geografia Humana e Geografia Física, através da explicação da organização espacial das formações econômico-sociais-sociais (Sociedade e Natureza). “O autor concebe a Geografia como uma ciência social por esta estudar a relação entre a Sociedade e a Natureza na construção do espaço, podendo esta ciência auxiliar nas formas dessa relação”. (CARVALHO, M. S.)
(Observe
quantas palavras-chaves foram utilizadas!).
FICHAMENTO E RESUMOS.
Ao iniciarmos uma
pesquisa, uma das primeiras atividades a ser realizada, após a escolha do tema,
é a pesquisa bibliográfica e a elaboração de fichas e resumos. De acordo com
LAKATOS & MARCONI (1990, p. 43), a PESQUISA BIBLIOGRÁFICA compreende
oito fases distintas:
escolha do
tema;
- elaboração do plano de trabalho;
- identificação;
- localização;
- compilação;
- fichamento;
- análise e interpretação;
- redação.
As fichas devem conter cabeçalho,
referência bibliográfica e o texto em si.
O fichamento NÃO É:
um sumário ou índice do livro ou texto. Ele é redação sucinta das ideias
do texto.
uma transcrição de parte ou do texto. Ele é uma interpretação que o leitor faz
da obra e, por isso, redigida com suas próprias palavras.
Ele, porém, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica.
Muitos professores confundem o fichamento com
resumos e análises de textos, passando aos alunos uma ideia equivocada. O
sistema de fichamentos foi criado pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de
Ciências no século XVII e atualmente você pode escolher entre vários tipos
de fichas de tamanhos diferentes. No cabeçalho deve constar o tema de
interesses da pesquisa.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E
BIBLIOGRAFIA:
A referência bibliográfica é a identificação
do texto analisado de acordo com as normas da ABNT (podendo vir como o
conhecido pé de página ou no final do texto, antes da bibliografia).
Na Biblioteca Central da UEL existe pessoal
especializado para orientação no setor de Referência.
A Referência Bibliográfica é diferente da
Bibliografia. Se eu cito algum autor no meu texto, eu tenho de fazer também a
referência bibliográfica. A Bibliografia sempre deve constar num trabalho, pois
é muito difícil se fazer um trabalho de pesquisa sem ter consultado artigos e
livros escritos por autores.
NÃO SE ESQUEÇA: Se você quiser
reproduzir um trecho do texto analisado, deve colocá-lo entre aspas (““) seguidas das informações da obra citada: ano e página.
Em alguns editores de texto há até o estilo de citação. Mas atenção, "copiar"
um texto de outro autor e não dizer que é uma citação, é considerado fraude,
plágio e é crime. Nada desmerece o seu trabalho se você citar alguém. Pelo
contrário, demonstra que você pesquisou e fez um bom trabalho.
RESUMOS.
Ao se fazer um resumo buscamos apresentar, de
maneira enxuta, destacando os elementos de maior importância o que o autor
escreveu no texto.
Segundo LAKATOS & MARCONI (1990, p.67),
várias leituras são necessárias para a elaboração do RESUMO. Na primeira
leitura fazemos um esboço, tentado perceber o plano geral da obra e o seu
desenvolvimento. Na segunda leitura devemos responder a seguinte pergunta: De
que trata o texto? Qual é a sua ideia central?
Na terceira leitura identificamos as partes
principais do texto, ao compreendermos as ideias descritas já identificamos as
diferentes partes que o compõem.
Aplicando a técnica de análise de texto,
identificamos as palavras-chaves e os parágrafos chaves.
BIBLIOGRAFIA: Este exemplo é de
como eu disponho corretamente a bibliografia que usei para fazer este meu
texto, no caso, um livro de duas autoras. Quando é um artigo num boletim
ou num livro, a ordem é diferente.
É bom ter a seguinte ordem quando é um livro:
SOBRENOME do Autor, nome e outros autores. Dê
dois espaços e entre com a edição no caso de não ser a 1ª. Segue o título
do livro em destaque (negrito ou sublinhado).
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de
Andrade. 2ª ed. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo:
Atlas, 1990.
Continuando, entra-se com o nome da cidade
onde foi feita a publicação. Nome da Editora. Número da edição. Ano da
publicação.
Não é obrigatório, mas pode-se acrescentar o
número total de páginas do livro. É muito útil quando se quer pedir a xerox de
material esgotado através do COMUT (procure saber o que é na Biblioteca de sua
cidade ou Universidade).
Glossário:
Palavras Chaves: Definem o(s) tema(s) do artigo. Pode-se usar até 5.
Palavras Chaves: Definem o(s) tema(s) do artigo. Pode-se usar até 5.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
O QUE É SABER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ?
O
QUE É SABER LER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO?
Texto de Jayme T. Filho
·
Qual a importância
do ato de ler nos dias atuais?
·
Qual o valor que o “saber ler” agrega na nossa vida pessoal e
profissional?
·
O que é “saber ler”
na "sociedade do conhecimento"?
·
Seremos ainda
capazes de "ler" , quando textos são cada vez mais
"hipertextos" e os contextos cada vez mais globalizados?
·
Enfim, numa era cada
vez mais de imagens, ainda faz sentido ler?
Essas questões estão presentes na ideia de
"sociedade do conhecimento".
A ONU emprega um conceito de "analfabetismo" que vem ao
encontro dessas questões.O "iletrado" (ou analfabeto) não é aquele
que simplesmente não sabe ler e escrever,mas sim, aquele que não domina a sua linguagem, o seu
idioma, o suficiente para:
1.
ler os manuais de funcionamento das ferramentas de seu
ofício, e entender suas instruções e ,assim poder atuar como trabalhador
produtivo.
2.
entender seus direitos
e deveres na sociedade em que vive, e viver como cidadão.
|
Nessa visão, o "saber ler" na sociedade do
conhecimento em que vivemos é poder se posicionar no mercado de
"trabalhadores do conhecimento" e garantir conscientemente seus
direitos políticos numa sociedade interconectada. O acesso a esse mercado de trabalho e a essa rede de relações
já é em si um problema, principalmente nos países periféricos. Mas a decifração
dos conteúdos que fluem nessa rede global passa pelo domínio de uma nova
linguagem (não apenas o Português ou o Inglês), instrumentada por novas
ferramentas (que não mais só a do lápis e papel) e construída com novas
técnicas (já de hipertexto, e não mais apenas do fraseado linear).
Adilson Citelli in: (O Texto Argumentativo, São Paulo:
Editora Scipione, 1994) defende que as palavras se tornam ações com objetivos
práticos. A linguagem assim seria uma forma de ação.Para Cittelli, em
sociedades abertas , em regimes não-ditatoriais, a luta entre interesses de
diferentes indivíduos, grupos e classes se dá também pelo uso da linguagem
argumentativa. Daí podermos depreender que saber perguntar e saber argumentar
ajudam, em certo nível, a defender os próprios interesses, a própria cidadania.
Os discursos, os argumentos e as respostas podem igualmente esclarecer ou
confundir, explicar ou mascarar, libertar ou oprimir.
Será ainda verdade que dominar a linguagem é dominar o
mundo?
Num artigo apresentado no Congresso Brasileiro de
Leitura, em 1981, Paulo Freire defendia a importância da compreensão crítica do
ato de ler, que para ele não se esgota na decodificação pura da palavra
escrita, "mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo"
(A Importância do Ato de Ler, São Paulo: Editora Cortez, 1999, 38a. edição).
Para Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e por isso a
leitura da palavra não pode prescindir da contínua leitura do mundo. Para
"saber ler" é preciso então perceber as relações entre texto e
contexto.
Mas, quando é mesmo que desenvolvemos esse "saber
ler"?
Em "O
Desaparecimento da Infância" (Rio de Janeiro: Graphia, 1999), Neil Postman
mostra que a infância, da forma como a conhecemos, não existiu sempre e talvez
esteja desaparecendo. O lugar no tempo de vida reservado ao aprendizado da
complexa simbologia necessária ao entendimento do mundo - a infância - está
sendo substituído, reduzido, tornado obsoleto. A cada geração, ou menos, as
crianças dominam mais cedo os códigos dos adultos. Se antes eram necessários
vários anos de "educação" para dar acesso a uma pessoa ao acervo
cultural da sociedade, hoje esse acervo é cada vez mais acessível - em várias
formas simplificadas, mediadas, "hiperlinkadas" - às pessoas em
idades cada vez mais precoces.Postman não está sozinho em chamar a atenção para
os impactos da mídia na educação e das transformações sociais que vem
provocando.
Giovanni Sartori
(Homo Videns: Televisão e Pós-pensamento, Lisboa: Terramar, 1999) argumenta que
estamos imersos em um universo multimídia - televisão, Internet, etc. -
caracterizado pelo "telever" e pelo "videoviver".
Para Sartori,
estamos nos transformando de Homo Sapiens, produto da cultura escrita, em Homo
Videns, num mundo em que a palavra é destronada pela imagem.
E mais: a
"videocriança" está sendo criada pelo telever, à frente da TV ou do
PC, ainda antes de saber ler e escrever.
terça-feira, 9 de julho de 2013
EAD:DEMOCRATIZAÇÃO OU MASSIFICAÇÃO DO ENSINO ?
Marli Sarcinelli Capp
Este artigo é um convite para uma reflexão sobre as formas de se garantir que a utilização de tecnologias avançadas venham a contribuir para a individualização do ensino à distância e para a formação de profissionais competentes, críticos e criativos, fugindo à padronização e à massificação do ensino.
Através de
uma breve retrospectiva histórica da
evolução da EAD no Brasil, fica
evidenciada a importante contribuição das novas tecnologias, como
mediadoras pedagógicas, nessa modalidade de ensino. Estabelecendo-se como marco
inicial o “Ensino por Correspondência”,
destaca-se atualmente, o grande impacto dos veículos educativos, entre
eles o rádio, a televisão, o vídeo, os Sistemas Integrados (microondas,
satélites, cabo) e da informática (Software, CD-Rom), chegando-se à Escola
Virtual, que se utiliza principalmente da Internet, podendo-se afirmar, com
certeza, que a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos e das ciências
do conhecimento, nas últimas décadas, elevou o potencial de expansão da EAD.
A
principal inovação das últimas décadas na área da educação, foi a criação , a
implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas de EAD, que
começaram a abrir possibilidades de se promover oportunidades educacionais para
grandes contingentes populacionais não mais somente a partir de critérios
quantitativos, mas principalmente a partir de noções de qualidade,
flexibilidade,liberdade e crítica. (JUSTE,
1998, p.13)
O impacto
causado por essa revolução no processo
ensino-aprendizagem provocou reações diversas nos educadores. Para alguns,
seria a forma de se ampliar as oportunidades educacionais e a via mais rápida
para a democratização do ensino. Outros consideraram a EAD como uma forma de educação de massa, que levaria à padronização dos conhecimentos sem
que houvesse flexibilidade na sua mediação, seja propiciando formas de
interagir com o material instrucional, seja atendendo aos interesses e necessidades individuais.
As questões
que constituíram a base deste
estudo, foram:
- qual
a contribuição da EAD para a democratização do ensino;
- que
papel as novas tecnologias podem desempenhar na mediação pedagógica da EAD;
- até
que ponto é possível fugir à massificação, na capacitação dos recursos humanos
de que o país necessita, através da EAD;
- em
que medidas as duas correntes podem ser aceitas sem maiores restrições?
As
conclusões foram as seguintes:
- a EAD é um recurso de inegável importância para a democratização do ensino, porque pode atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de se reduzir a qualidade dos serviços oferecidos, em decorrência da ampliação da clientela atendida;
- as novas tecnologias são facilitadoras do acesso à informação.
Scriven ( 1991), afirma que a informação não é educação, mas o conhecimento se firma na
informação. Através dos diversos recursos tecnológicos, o aluno gerencia o seu
aprender e tem acesso a um maior número de informações.
É preciso, porém, muito cuidado com a supervalorização, com seu emprego exclusivo,
uma vez que, o Brasil é um país de grandes contrastes considerando-se a vasta
extensão do território brasileiro. Em muitas regiões ainda é impossível o uso exclusivo das novas
tecnologias e é bom lembrar que elas não substituem o professor e nem
podem ser consideradas como a única forma de mediação pedagógica;
- uma das grandes vantagens da EAD é a possibilidade de atender as diferenças individuais.
- A massificação não ocorrerá quando em seu planejamento for previsto: a diversidade regional, o seu longo alcance; o uso de metodologia e equipamentos adequados; uma tutoria qualificada e comprometida; material didático que atenda às necessidades dos cursos oferecidos e uma proposta político-pedagógica coerente.
- É importante ainda, registrar que massificar não é oferecer qualquer tipo de ensino. É oportunizar o aprimoramento, a capacitação, a atualização e a escolarização a um maior número de pessoas, com menor custo, uma vez que a quantidade de clientela atendida, faz com que os altos custos iniciais, para sua implantação, sejam reduzidos; não existe aceitação total, sem restrições, em questões educacionais.
- Sempre haverá divergências de opiniões. Essas divergências são pontuais, mas começa-se a chegar a um conjunto relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar a EAD e dar-lhe uma dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de processos de ensino.
Democratizar é oferecer oportunidades iguais a todos.
Massificar é oferecer a todos qualquer tipo de ensino.
A importância do Maravilhoso na Literatura Infantil
Considera-se
como Maravilhoso todas as situações que ocorrem fora do nosso entendimento da
dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou indeterminado na terra.
Tais fenômenos não obedecem as leis naturais que regem o planeta. O Maravilhoso
sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes na literatura
destinada à crianças.
Através do prazer ou das emoções que as
estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nas tramas e
personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a
resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida.
A Psicanálise afirma que os significados
simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o
homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É durante essa fase
que surge a necessidade da criança em defender sua vontade e sua independência
em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos.
É nesse sentido que a Literatura Infantil
e, principalmente, os contos de fadas podem ser decisivos para a formação da
criança em relação a si mesma e ao mundo à sua volta.
O maniqueísmo que divide as personagens
em boas e más, belas ou feias, poderosas ou fracas, etc. facilita criança a
compreensão de certos valores básicos da conduta humana ou convívio social.
Tal dicotomia, se transmitida através de uma
linguagem simbólica, e durante a infância, não será prejudicial à formação de
sua consciência ética.
O que as crianças encontram nos contos de fadas
são, na verdade, categorias de valor que são perenes.
O que muda é apenas o conteúdo rotulado de bom
ou mau, certo ou errado.
Lembra a Psicanálise, que a criança é
levada a se identificar com o herói bom e belo, não devido à sua bondade ou beleza,
mas por sentir nele a própria personificação de seus problemas infantis: seu
inconsciente desejo de bondade e beleza e, principalmente, sua necessidade de
segurança e proteção.
Pode
assim superar o medo que a inibe e enfrentar os perigos e ameaças que sente à
sua volta, podendo alcançar gradativamente o equilíbrio adulto.
A área do Maravilhoso, da fábula, dos
mitos e das lendas tem linguagem metafórica que se comunica facilmente com o
pensamento mágico, natural das crianças.
Segundo a Psicanálise, os significados
simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o
homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional.
CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. A IMPORTÂNCIA DO MARAVILHOSO NA LITERATURA INFANTIL [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/marav.htm
Capturado em 4/3/3905
A DESCONSTRUÇÃO DO MEDO DE BRUXA NA LITERATURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA
Em minhas reminiscências de
infância, a imagem da bruxa era sempre apavorante.
Sua
caracterização física auxiliava sobremaneira na construção do medo diante
dessa figura feminina que, muitas vezes, era usada até por pais como elemento
ameaçador a fim de disciplinar as crianças.
Cresci ouvindo a descrição da
bruxa da história de João e Maria, senhora de feições grotescas afeita à
antropofagia. Esse ser aterrorizante que comia criancinhas merecia mesmo tão
duro castigo aplicado por João e Maria.
Isso sem falar da madrasta da Branca de Neve que personifica essa
maldade de bruxa a fim de castigar a enteada por sua beleza. Associado a
essas imagens, surge o adjetivo bruxa, como caracterizador de mulher feia e
megera.
Essa visão da bruxa passou por
transformações e, atualmente, percebe-se a criação de bruxas que agem
eventualmente com bondade ou, por vezes, portam-se como fadas.
Foi diante dessas inquietações que
surgiu a temática deste ensaio, a fim de investigar como se situa a imagem da
bruxa nos dias de hoje. Para tanto, partirei inicialmente de uma abordagem
psicológica do que representa o medo de bruxa. Desejo e medo são elementos fundamentais
para a evolução dos seres humanos, uma vez que temos medo do que desejamos e
desejamos o que nos faz medo.
Na evolução humana, esses temores
devem ser enfrentados, sob a pena de surgirem patologias. O medo de bruxa
pode ser relacionado a dois degraus da escada do desejo e do medo proposta
pelo psicólogo Jean-Yves Leloup: medo da separação e medo de ser rejeitado
pela sociedade.
As crianças tem medo de se separar
da mãe (ou pessoa que represente este papel) e perder a garantia de segurança
e proteção. Essa figura materna é vista com ternura e cercada de atributos
positivos. Entretanto algumas vezes, a criança é contrariada em suas vontades
exatamente por essa pessoa.
Instaura-se, assim, o dilema
infantil: como sentir raiva de alguém tão amado sem ferir-lhe os sentimentos
e perdê-la? Manifesta-se a necessidade de dividir a figura materna em duas
partes que corresponderiam à fada, vertente positiva, e a bruxa, lado
negativo. Com essa cisão, a bruxa concentra em si a maldade e, por isso, pode
ser odiada e castigada numa atitude de enfrentamento por parte da criança.
A bruxa, para vivificar esses
desejos de vingança infantil, tem de corresponder a um ser detestável. Daí
nasce a imagem de uma ardilosa senhora, de certa idade, que se veste em tons
escuros e sombrios, sendo geralmente descrita como fisicamente fora do padrão
de beleza social.
A maldade precisa ser sua
característica mais marcante a fim de justificar tamanho ódio a ela
direcionado pelo personagem principal das histórias. Desta maneira, a
dissociação de bem (fada-mãe-protetora) e mal (bruxa-mãe/madrasta-malvada)
facilita a superação do medo da separação materna.
O desejo de corresponder a uma
imagem de "homem de bem" ou "mulher de bem" gera a
preocupação com o chamado imago social. Desse desejo de corresponder a uma
imagem social de “bem”, surge um medo de ser rejeitado pelo grupo e de ser
diferente.
A sombra, na conceituação
proposta por Jung, contém os aspectos ocultos, reprimidos e desfavoráveis do
homem. Para ultrapassar a limitação, o ego entra em conflito com esta sombra
a fim de enfrentar a não aceitação de características pessoais socialmente
mal vistas.
A necessidade de enfrentar a
própria sombra é tematizada pela literatura infantil de diversas maneiras,
dentre elas através das bruxas. Elas simbolizam a força perversa do poder.
Por muito tempo, foram personificadas através de um estereótipo grotesco, a
fim de impactar e causar horror.
O herói precisa reconhecer a existência da
sombra e a batalha travada para vencer o poder da bruxa representa o triunfo
do ego sobre essas tendências negativistas.
Segundo a psicanálise, o
maniqueísmo que divide as personagens facilita a compreensão de valores
básicos da conduta humana e do difícil convívio social.
Se
essa dicotomia for transmitida através de uma linguagem simbólica durante a
infância, não prejudica a formação de sua consciência ética.
A criança identifica-se com os
heróis do mundo maravilhoso, sendo assim levada a resolver,
inconscientemente, sua situação pessoal. Dessa forma, consegue enfrentar e
superar o medo presente à sua volta e pode, gradativamente, alcançar o
equilíbrio na fase adulta.
A literatura infantil
contemporânea convive com um sério problema: de que maneira apresentar ao
público infantil esse lado pavoroso da “sombra do homem” tão presente na vida
moderna?
Será que essa polarização de bem e
mal é o melhor caminho ou seria mais adequado mostrar a relatividade das
coisas e as ambiguidades das pessoas?
A ética maniqueísta que separa
nitidamente bem de mal, certo de errado, vem perdendo espaço. Em seu lugar,
está presente uma ética relativista em que o mal aparente revela-se em bem ou
resulta em algo certo. Essas transformações podem ser bem observadas diante
da mudança no emprego de outra categoria de personagem que é a transfiguração
de uma realidade humana.
A visão maniqueísta da bruxa
apresenta-a como uma personagem-tipo ou plana que é estereotipada. Essa
personagem corresponde a um procedimento padrão de maldade que nunca muda
suas ações ou reações, sendo sempre má.
Em consequência de uma nova visão de mundo, os escritores passaram a
privilegiar personagens que sejam condizentes com essa relativização de conceitos.
Essa dimensão ambígua do homem ganha forma através da
personagem-individualidade, típica da ficção contemporânea. Esse tipo de
personagem não pode ser rotulado como sendo bom ou mau, ele passa a “estar”
bom ou mau diante diferenciadas situações.
Apesar das críticas recebidas
pela ética relativista, ela mostra-se cada vez mais presente nas histórias infantis.
Aqui a bruxa torna-se um elemento bastante representativo para uma observação
da desconstrução da imagem de maldade da bruxa, inclusive com um trabalho de
identificação do leitor com ela.
Como exemplos de bruxas nessa concepção de personagem-individualidade,
observei algumas produções infantis brasileiras. Encontrei manuais para
entender melhor as bruxas com vestimenta, acessórios, formas de agir etc.
Bartolomeu Campos de Queirós
mostra as sutilezas do lado bruxa da vida em Onde tem bruxa tem fada. Eva
Furnari apresenta uma bruxa atrapalhada, bem próxima à realidade infantil,
bem como a personagem Bruxa Onilda em suas viagens.
Como
não poderia abordar várias obras, selecionei duas como representativas dessa
nova bruxa: a peça A Bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado e Uxa - ora
fada ora bruxa de Sylvia Orthof. Logo, pelo título Maria Clara rompe com esse
paradigma de maldade relacionada às bruxas. Na verdade, a bruxa/feiticeira
era um elemento importante em diversas culturas, como por exemplo, a céltica.
Com a difusão da fé católica, ela
adquiriu essa carga pejorativa. Diante da figura próxima ao demônio, os fiéis
temiam as bruxas e, principalmente durante a Santa Inquisição, queimavam-nas
em praça pública.
Na peça, há seis bruxas, sendo
uma a chefe das demais que são aprendizes prestes a realizar seus exames
finais diante do temido Bruxo Belzebu, sua Ruindade Suprema. Subliminarmente,
questiona-se o poder da dominação do Grande Bruxo e o medo que as outras
sentem de contrariá-lo de alguma maneira. A Bruxinha Ângela, cujo nome sugere
referência a anjo, é diferente das outras em seu comportamento e até
fisicamente (típico Patinho Feio). Ela tem movimentos elegantes, risos ao
invés de estridentes gargalhadas, rostinho angelical e cabelos estranhamente
louros. Ela não apresenta o estereótipo da bruxa e não é de sua natureza
fazer maldades. Em certa parte da história, o Grande Bruxo convoca as
bruxinhas aprendizes para fazer maldades, pois só se veem bruxas
falsificadas, segundo ele.
O primeiro alvo é Pedrinho, jovem
lenhador, que acaba achando aquela Bruxinha diferente e até questiona se ela
não é uma fada disfarçada. Com o auxílio dele, Ângela consegue não ficar
presa numa torre que seria o castigo por não fazer as maldades típicas de uma
bruxa.
Já Sylvia Orthof traz o humor
para sua história ao contar as desventuras da baixinha e gordinha Uxa que,
sendo bruxa, resolve dar uma de fada algumas vezes. Para desempenhar esse
papel, ela tem de mudar o visual e coloca peruca loura e chapéu de fada. Como
para uma bruxa é difícil fazer caridade; ela, na tentativa de ser boa, acaba
criando diversas confusões.
Depois de seus equívocos como
fada, a varinha vira vassoura e ela diz que se cansou de ser tão boa... E
loura. Ela descobre que pratica mesmo o que chama de “maldade beleza pura” e
ajuda diversas pessoas. Num real afastamento da imagem de medo em relação à
bruxa, a autora apresenta Uxa através de um narrador que se diz amigo dela.
Para finalizar e atualizar esse referencial da bruxa, ela se apaixona
perdidamente por um moderno computador.
Encerro, portanto, este ensaio
com a certeza de que a imagem da bruxa, atualmente, não é mais apavorante e
que inspira medo. Pelo contrário, multiplicam-se os sítios na grande rede de
computadores que registram como fazer bruxarias e afirmam categoricamente as
boas intenções das bruxas.
A literatura infantil está
desempenhando este papel de mostrar a relativização dos conceitos de bem e
mal em toda a sua ambigüidade humana.
Ficam aqui como fecho duas
frases; uma do narrador da história de Uxa, complementada pelas palavras
finais de Iêda de Oliveira em Bruxa e Fada Menina Encantada:
“(...)
sei não, eu acho Uxa muito parecida com muita gente!”
“Quando se zanga, vira bruxa / Quando ama, vira fada.”.
Referências
Bibliográficas
BETTELHEIM,
Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 14. Ed. São Paulo: Paz e Terra,
2000.
CHEVALIER,
Jean e GHEERBRANT, Alain. Dictionanaire des Symboles. Paris, Seghers et
Jupiter, 1969.
LELOUP,
Jean-Yves. Caminhos da realização dos medos do eu ao mergulho no Ser. 10ª ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 2001.
COELHO,
Nelly Novaes. Literatura Infantil - Teoria - Análise - Didática. 5ª ed. São
Paulo: Ática, 1991.
MACHADO,
Maria Clara. A Bruxinha que era boa. In: Teatro I. 12ª ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1987.
ORTHOF,
Sylvia. Uxa - ora fada, ora bruxa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
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