Marli Sarcinelli Capp
Este artigo é um convite para uma reflexão sobre as formas de se garantir que a utilização de tecnologias avançadas venham a contribuir para a individualização do ensino à distância e para a formação de profissionais competentes, críticos e criativos, fugindo à padronização e à massificação do ensino.
Através de
uma breve retrospectiva histórica da
evolução da EAD no Brasil, fica
evidenciada a importante contribuição das novas tecnologias, como
mediadoras pedagógicas, nessa modalidade de ensino. Estabelecendo-se como marco
inicial o “Ensino por Correspondência”,
destaca-se atualmente, o grande impacto dos veículos educativos, entre
eles o rádio, a televisão, o vídeo, os Sistemas Integrados (microondas,
satélites, cabo) e da informática (Software, CD-Rom), chegando-se à Escola
Virtual, que se utiliza principalmente da Internet, podendo-se afirmar, com
certeza, que a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos e das ciências
do conhecimento, nas últimas décadas, elevou o potencial de expansão da EAD.
A
principal inovação das últimas décadas na área da educação, foi a criação , a
implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas de EAD, que
começaram a abrir possibilidades de se promover oportunidades educacionais para
grandes contingentes populacionais não mais somente a partir de critérios
quantitativos, mas principalmente a partir de noções de qualidade,
flexibilidade,liberdade e crítica. (JUSTE,
1998, p.13)
O impacto
causado por essa revolução no processo
ensino-aprendizagem provocou reações diversas nos educadores. Para alguns,
seria a forma de se ampliar as oportunidades educacionais e a via mais rápida
para a democratização do ensino. Outros consideraram a EAD como uma forma de educação de massa, que levaria à padronização dos conhecimentos sem
que houvesse flexibilidade na sua mediação, seja propiciando formas de
interagir com o material instrucional, seja atendendo aos interesses e necessidades individuais.
As questões
que constituíram a base deste
estudo, foram:
- qual
a contribuição da EAD para a democratização do ensino;
- que
papel as novas tecnologias podem desempenhar na mediação pedagógica da EAD;
- até
que ponto é possível fugir à massificação, na capacitação dos recursos humanos
de que o país necessita, através da EAD;
- em
que medidas as duas correntes podem ser aceitas sem maiores restrições?
As
conclusões foram as seguintes:
- a EAD é um recurso de inegável importância para a democratização do ensino, porque pode atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades e sem riscos de se reduzir a qualidade dos serviços oferecidos, em decorrência da ampliação da clientela atendida;
- as novas tecnologias são facilitadoras do acesso à informação.
Scriven ( 1991), afirma que a informação não é educação, mas o conhecimento se firma na
informação. Através dos diversos recursos tecnológicos, o aluno gerencia o seu
aprender e tem acesso a um maior número de informações.
É preciso, porém, muito cuidado com a supervalorização, com seu emprego exclusivo,
uma vez que, o Brasil é um país de grandes contrastes considerando-se a vasta
extensão do território brasileiro. Em muitas regiões ainda é impossível o uso exclusivo das novas
tecnologias e é bom lembrar que elas não substituem o professor e nem
podem ser consideradas como a única forma de mediação pedagógica;
- uma das grandes vantagens da EAD é a possibilidade de atender as diferenças individuais.
- A massificação não ocorrerá quando em seu planejamento for previsto: a diversidade regional, o seu longo alcance; o uso de metodologia e equipamentos adequados; uma tutoria qualificada e comprometida; material didático que atenda às necessidades dos cursos oferecidos e uma proposta político-pedagógica coerente.
- É importante ainda, registrar que massificar não é oferecer qualquer tipo de ensino. É oportunizar o aprimoramento, a capacitação, a atualização e a escolarização a um maior número de pessoas, com menor custo, uma vez que a quantidade de clientela atendida, faz com que os altos custos iniciais, para sua implantação, sejam reduzidos; não existe aceitação total, sem restrições, em questões educacionais.
- Sempre haverá divergências de opiniões. Essas divergências são pontuais, mas começa-se a chegar a um conjunto relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar a EAD e dar-lhe uma dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de processos de ensino.
Democratizar é oferecer oportunidades iguais a todos.
Massificar é oferecer a todos qualquer tipo de ensino.
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