terça-feira, 9 de julho de 2013

EAD:DEMOCRATIZAÇÃO OU MASSIFICAÇÃO DO ENSINO ?




                                                                                                                      Marli Sarcinelli Capp
Este artigo é um convite para  uma reflexão sobre as formas de  se garantir que a utilização de tecnologias avançadas venham a contribuir para a individualização do ensino à distância e para a formação de profissionais competentes, críticos e criativos, fugindo à padronização e à massificação do ensino.

   

               
Através de uma breve retrospectiva histórica  da evolução da EAD no Brasil, fica  evidenciada a importante contribuição das novas tecnologias, como mediadoras pedagógicas, nessa modalidade de ensino. Estabelecendo-se como marco inicial o “Ensino por Correspondência”,  destaca-se atualmente, o grande impacto dos veículos educativos, entre eles o rádio, a televisão, o vídeo, os Sistemas Integrados (microondas, satélites, cabo) e da informática (Software, CD-Rom), chegando-se à Escola Virtual, que se utiliza principalmente da Internet, podendo-se afirmar, com certeza, que a velocidade vertiginosa dos avanços tecnológicos e das ciências do conhecimento, nas últimas décadas, elevou o potencial de expansão da EAD.
A principal inovação das últimas décadas na área da educação, foi a criação , a implantação e o aperfeiçoamento de uma nova geração de sistemas de EAD, que começaram a abrir possibilidades de se promover oportunidades educacionais para grandes contingentes populacionais não mais somente a partir de critérios quantitativos, mas principalmente a partir de noções de qualidade, flexibilidade,liberdade e crítica. (JUSTE,  1998, p.13)

O impacto causado por essa  revolução no processo ensino-aprendizagem provocou reações diversas nos educadores. Para alguns, seria a forma de se ampliar as oportunidades educacionais e a via mais rápida para a democratização do ensino. Outros consideraram a EAD como  uma forma de educação de massa, que  levaria à padronização dos conhecimentos sem que houvesse flexibilidade na sua mediação, seja propiciando formas de interagir com o material instrucional, seja atendendo aos  interesses e necessidades individuais.
 As questões  que constituíram a base  deste estudo, foram:
-       qual a contribuição da EAD para a democratização do ensino;
-       que papel as novas tecnologias podem desempenhar na mediação pedagógica da EAD;
-       até que ponto é possível fugir à massificação, na capacitação dos recursos humanos de que o país necessita, através da EAD;
-       em que medidas as duas correntes podem ser aceitas sem maiores restrições?
As conclusões foram as seguintes:
  •       a EAD  é um  recurso de inegável importância para  a democratização do ensino, porque  pode  atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva  que outras modalidades e sem riscos de se reduzir a qualidade dos serviços  oferecidos, em decorrência da ampliação da clientela atendida;
  •     as novas tecnologias  são facilitadoras do acesso à informação.

 Scriven ( 1991), afirma  que a informação não é  educação, mas o conhecimento se firma na informação. Através dos diversos recursos tecnológicos, o aluno gerencia o seu aprender e tem acesso a um maior número de informações. 
É preciso, porém, muito cuidado com a  supervalorização, com seu emprego exclusivo, uma vez que, o Brasil  é um país de  grandes contrastes considerando-se a vasta extensão do território brasileiro. Em muitas regiões ainda é  impossível o uso exclusivo das novas tecnologias e  é bom lembrar   que elas não substituem o professor e nem podem ser consideradas como a única forma de mediação pedagógica;
  •   uma das grandes vantagens da EAD é a possibilidade de atender as diferenças individuais. 
  •       A   massificação não ocorrerá  quando em seu planejamento for previsto: a diversidade regional, o seu longo alcance; o uso de metodologia  e equipamentos adequados; uma tutoria qualificada e comprometida; material didático que  atenda às necessidades dos cursos oferecidos e  uma proposta político-pedagógica coerente. 
  •        É importante  ainda, registrar que  massificar não é oferecer  qualquer tipo de ensino. É oportunizar o aprimoramento, a capacitação, a atualização e a escolarização a um maior número de pessoas, com menor custo, uma vez que a quantidade de clientela atendida, faz com que os altos custos iniciais, para sua  implantação, sejam reduzidos;      não existe aceitação total, sem restrições, em questões educacionais.
  •      Sempre haverá divergências de opiniões. Essas divergências são pontuais, mas começa-se a chegar a um conjunto relativamente homogêneo de características que acabam por conceituar a EAD e dar-lhe uma dimensão prática adaptada aos dias atuais e às demandas por universalização de processos de ensino.

Democratizar é oferecer oportunidades iguais  a todos.
Massificar é oferecer a todos qualquer tipo de ensino.



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