quarta-feira, 10 de julho de 2013

O QUE É SABER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ?




O QUE É SABER LER NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO?
                                                                                        Texto de Jayme T. Filho
·       Qual a importância do ato de ler nos dias atuais?
·       Qual o valor que  o “saber ler” agrega na nossa vida pessoal e profissional?
·       O que é “saber ler” na "sociedade do conhecimento"?
·       Seremos ainda capazes de "ler" , quando textos são cada vez mais "hipertextos" e os contextos cada vez mais globalizados?
·       Enfim, numa era cada vez mais de imagens, ainda faz sentido ler?
Essas questões estão presentes na ideia de "sociedade do conhecimento".
A ONU emprega um conceito de "analfabetismo" que vem ao encontro dessas questões.O "iletrado" (ou analfabeto) não é aquele que simplesmente não sabe ler e escrever,mas sim,  aquele que não domina a sua linguagem, o seu idioma, o suficiente para:
1.     ler os manuais  de funcionamento das ferramentas de seu ofício, e entender suas instruções e ,assim poder atuar como trabalhador produtivo.
2.      entender seus direitos e deveres na sociedade em que vive, e  viver como cidadão.

Nessa visão, o "saber ler" na sociedade do conhecimento em que vivemos é poder se posicionar no mercado de "trabalhadores do conhecimento" e garantir conscientemente seus direitos políticos numa sociedade interconectada.      O acesso a esse mercado de trabalho e a essa rede de relações já é em si um problema, principalmente nos países periféricos. Mas a decifração dos conteúdos que fluem nessa rede global passa pelo domínio de uma nova linguagem (não apenas o Português ou o Inglês), instrumentada por novas ferramentas (que não mais só a do lápis e papel) e construída com novas técnicas (já de hipertexto, e não mais apenas do fraseado linear).
Adilson Citelli in: (O Texto Argumentativo, São Paulo: Editora Scipione, 1994) defende que as palavras se tornam ações com objetivos práticos. A linguagem assim seria uma forma de ação.Para Cittelli, em sociedades abertas , em regimes não-ditatoriais, a luta entre interesses de diferentes indivíduos, grupos e classes se dá também pelo uso da linguagem argumentativa. Daí podermos depreender que saber perguntar e saber argumentar ajudam, em certo nível, a defender os próprios interesses, a própria cidadania. Os discursos, os argumentos e as respostas podem igualmente esclarecer ou confundir, explicar ou mascarar, libertar ou oprimir.
Será ainda verdade que dominar a linguagem é dominar o mundo?
Num artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Leitura, em 1981, Paulo Freire defendia a importância da compreensão crítica do ato de ler, que para ele não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, "mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo" (A Importância do Ato de Ler, São Paulo: Editora Cortez, 1999, 38a. edição). Para Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, e por isso a leitura da palavra não pode prescindir da contínua leitura do mundo. Para "saber ler" é preciso então perceber as relações entre texto e contexto.
Mas, quando é mesmo que desenvolvemos esse "saber ler"?
 Em "O Desaparecimento da Infância" (Rio de Janeiro: Graphia, 1999), Neil Postman mostra que a infância, da forma como a conhecemos, não existiu sempre e talvez esteja desaparecendo. O lugar no tempo de vida reservado ao aprendizado da complexa simbologia necessária ao entendimento do mundo - a infância - está sendo substituído, reduzido, tornado obsoleto. A cada geração, ou menos, as crianças dominam mais cedo os códigos dos adultos. Se antes eram necessários vários anos de "educação" para dar acesso a uma pessoa ao acervo cultural da sociedade, hoje esse acervo é cada vez mais acessível - em várias formas simplificadas, mediadas, "hiperlinkadas" - às pessoas em idades cada vez mais precoces.Postman não está sozinho em chamar a atenção para os impactos da mídia na educação e das transformações sociais que vem provocando.
 Giovanni Sartori (Homo Videns: Televisão e Pós-pensamento, Lisboa: Terramar, 1999) argumenta que estamos imersos em um universo multimídia - televisão, Internet, etc. - caracterizado pelo "telever" e pelo "videoviver".
 Para Sartori, estamos nos transformando de Homo Sapiens, produto da cultura escrita, em Homo Videns, num mundo em que a palavra é destronada pela imagem.
 E mais: a "videocriança" está sendo criada pelo telever, à frente da TV ou do PC, ainda antes de saber ler e escrever.
 

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